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PAULA TEIXEIRA DA CRUZ: JUSTIÇA É A SAÚDE DO ESTADO

A Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, afirmou esta terça-feira que "há um debate que é preciso introduzir" sobre a Reforma da Justiça. As declarações foram proferidas na sequência da sua participação num debate promovido pela Academia de Política Apartidária (APA), na Reitoria da Universidade do Porto.
Fotografia por Maria Novo.

“A Reforma na Justiça: assegurará o acesso ao direito?” foi o mote para a intervenção da ministra, que incidiu na descentralização e na especialização dos agentes judiciais e na melhoria das condições de acesso dos cidadãos à justiça.

Paula Teixeira da Cruz considerou que, quando assumiu funções no ministério da Justiça, em 2011, o Memorando de Entendimento era “desajustado à realidade da justiça portuguesa”. “O sistema de justiça não é só os seus gestos, é também um conjunto de princípios que devem fundar todo o seu funcionamento”, salientou, reconhecendo a necessidade de um olhar sistémico para a justiça.

Sobre o balanço que faz sobre a reforma do mapa judiciário, Paula Teixeira da Cruz afirmou ser “ainda muito cedo” para o fazer. No entanto, adiantou que o Citius “foi o que correu menos bem”.

A ministra reconheceu a falta de funcionários judiciais e classificou como inviável “ter pessoas a julgar crime de manhã e cívil à tarde”. Salientou a pouca especialização que existe no sistema judiciário e que é preciso “introduzir responsabilidade no sistema”.

Segundo a responsável da pasta da justiça, a nova organização judiciária permitiu aumentar a taxa de especialização nos tribunais de 26% para 76%.

Paula Teixeira da Cruz disse ter olhado “para a reforma da justiça do ponto de vista da necessidade de atualização”. Considerou a necessidade de haver maior responsabilidade de cada um dos intervenientes e a “troca viva de impressões” entre o ministério, os sindicatos, os conselhos de profissionais e os cidadãos.

A ministra lembrou ainda que o adiamento desta reforma da justiça se deveu ao “conservadorismo do sistema político, ao conservadorismo dos agentes do sistema e ao corporativismo da justiça”.

A sessão decorreu no contexto do ciclo de Conversas Aparte, que pretende “proporcionar aos estudantes da Universidade do Porto contextos de diálogo e debate, num ambiente de proximidade com figuras relevantes da atualidade política e social”, explicou a APA.