Recentemente temos vindo a assistir aos resultados surpreendentes de uma das maiores fugas de informação da história da Humanidade. O caso dos Panama Papers veio a pôr a descoberto as transações financeiras ocultas de nomes sonantes no panorama sociopolítico mundial, tais como David Cameron, Petro Poroshenko, Xi Jinping, Vladimir Putin e de Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, tendo sido este último uma das primeiras vítimas a sofrer diretamente com estas revelações. Não obstante, penso que é necessário olharmos para esta situação de um outro prisma e distanciarmo-nos um pouco da postura condenatória.
A verdade é que os Panama Papers reacenderam dentro de mim a fé de que ainda existem pessoas de tão bom íntimo, de tamanha generosidade, que chegam a ser capazes de emprestar a sua assinatura para assegurar e preservar a riqueza de um amigo. Falo, portanto, de Vladimir Putin e Sergey Roldugin. Não é qualquer um que pode ser contemplado com um gesto de camaradagem como o que presenciamos entre estes dois. Não é qualquer pessoa que se pode vangloriar de ter um amigo disposto a dar a cara, ou neste caso a assinatura, para que possamos esconder do fisco uns milhõezinhos provenientes de meios questionáveis.
Confesso que começo a desconfiar que seja este o verdadeiro segredo da riqueza. A amizade é que consegue sustentar o nosso património. É nas teias da amizade que encontramos e consolidamos o nosso poder, a nossa influência e o nosso capital. Felizes são aqueles que têm um amiguinho que os apoia e que não questiona a suas falcatruas! E veja-se, igualmente, o caso de Carlos Santos Silva e de José Sócrates. Entre os vários exemplos, destaco os pedidos daquela coisa que o Senhor Engenheiro “gosta muito”.
E a amizade é isto. Deduzo, consequentemente, que se não tivermos um amigo benevolente ao ponto de assumir estes riscos por nós, não temos um verdadeiro amigo e não podemos aspirar a nossa ascensão material. Por conseguinte, é o que testemunho com todo este panorama. Se por um lado temos o falhanço do Capitalismo, todavia, por outro mais otimista, temos o triunfo da amizade e da solidariedade entre trapaceiros, o que me deixa extremamente feliz e esperançosa na prática de boas ações!
“Faith in humanity restored”