Desporto

TÉNIS DE MESA: UMA MODALIDADE EM CRESCENDO

Afonso Loreto Aguiar
Afonso Loreto Aguiar

O Ténis é uma modalidade bastante popular em Portugal. Se perguntarem a um português qualquer, com um mínimo de conhecimento de desporto, quem é Roger Federer ou Rafael Nadal, todos reconhecerão que os dois são dos melhores tenistas da História. Tal como esses dois, João Sousa e Frederico Gil são muito conhecidos no nosso país, virtude dos seus bons resultados (numa ótica portuguesa). Aquele tornou-se no primeiro “luso” a vencer um torneio da Associação de Ténis Profissional (ATP), em Kuala Lumpur, na edição de 2013, e este foi o primeiro português a ir a uma final de uma prova ATP, na edição de 2010 do Estoril Open.

No entanto, os tenistas portugueses nunca conseguiram melhor do que um top-50 no ranking ATP e um título numa prova ATP 250, que são as competições menos importantes do circuito da Associação de Ténis Profissional.

Agora, falemos de uma modalidade parente do ténis, que muito prestígio tem dado a Portugal, mas que, infelizmente, não tem o mesmo valor mediático. Estou a falar, obviamente, do Ténis de Mesa, também conhecido de uma forma corriqueira como “ping-pong”.

Quando se fala em Ténis de Mesa, é muito comum associar-se essa modalidade aos países asiáticos. É comum ouvir-se as seguintes expressões: “No ping-pong os chineses partem tudo”, ou “Jogo tanto que até pareço um chinês”, referindo-se à pega à caneteiro, quando o jogador segura a raquete de forma que se assemelha ao manusear de uma caneta de escrever.

Surpreendentemente ou não, visto que nos Jogos Olímpicos Londres’ 2012 atingimos os quartos-de-final por equipas, Marcos Freitas e Tiago Apolónia figuram no top-20 do ranking do World Tour da Federação Internacional de Ténis de Mesa.

Ainda esta semana, em Dusseldorf, Tiago Apolónia conseguiu chegar aos quartos-de-final de uma prova da Taça do Mundo, derrotando nos oitavos de final Marcos Freitas, que também já havia logrado atingir os quartos-de-final de uma prova da Taça do Mundo. Sem esquecer que, recentemente, fomos campeões da Europa por equipas, derrotando a hexacampeã Alemanha, sendo que, no jogo decisivo, Marcos Freitas derrotou o nº2 europeu e antigo nº1 mundial e campeão do mundo Timo Boll – o Roger Federer europeu do Ténis de Mesa.

Ora, comparando as duas modalidades, a velha associação do ténis ser um desporto de ricos ainda poderá estar vincada na mente de muitos portugueses, pelo que esses, por uma questão de refinamento, gostarão de ver e praticar este desporto. Apesar disso, não me limito a essas ideias generalizadas e admiro o esforço físico e toda a técnica envolvente nesta modalidade.

Para além de toda a dificuldade de utilizar “smashes” (remates vindos de cima), “amortis” (cortar a bola de forma a que o adversário não chegue a tempo de responder) e “drivevoleis” (aquilo que no futebol se chama um remate de primeira, sem a bola bater no chão), este desporto obriga a mudanças de velocidade rápidas, bruscas e repentinas, num curto espaço.

Porém, o ténis de mesa em termos técnicos é tão ou mais evoluído, usando efeitos de uma forma mais vincada, com um espaço de tempo de execução menor, perdendo para o ténis no esforço físico, O ping-pong obriga a mudanças de velocidade ríspidas e súbitas, mas num espaço menor, pelo que o cansaço físico nota-se mais a um nível muscular de alto esforço, mas menor em termos de resistência.

Tanto um como o outro são desportos que têm um grau de exigência técnica e física apurada. Afinal, nenhum usa o corpo humano para manear a bola, mas sim uma raquete. No entanto, o mediatismo em Portugal é consideravelmente maior para um do que para o outro. Pode-se argumentar que, no ténis, o trajeto da bola é mais facilmente visível a olho nu mas, quem viu a final do Campeonato da Europa de Ténis de Mesa, sabe, tão bem quanto eu, que se observou um enorme espetáculo, quando o nosso Marcos Freitas, com muita garra e dedicação, bateu a lenda europeia Timo Boll.

Não querendo entrar pelo campo político, será que nós não seguimos muito o estilo europeu-ocidental desportivo? Todos os países têm as suas especificidades, mas a verdade é que os portugueses têm-nos prestigiado em muitas modalidades e parece que nós continuamos a seguir a preferência desportiva do resto dos países europeus, que preferem engrandecer os desportos onde o “velho continente” é uma força dominante. Basta ver que, na Europa, o Futebol, a Fórmula 1, o Ténis e o Ciclismo continuam a ser dos desportos mais mediáticos. É uma questão cultural, tradicional e de conquista, mas a história criamo-la nós e as tradições têm um fim.

Basta lembrar que, em atletismo, os portugueses sempre foram bons em provas de resistência, mas Nelson Évora conquistou a medalha de ouro, nos Jogos Olímpicos de Pequim ‘08, numa prova técnica – o triplo salto.

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