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Desporto

O DESAFIO DE LOPETEGUI

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Carlos Martins

Carlos Martins

O FC Porto entra na nova época desportiva com vontade de regressar rapidamente às vitórias e de mostrar uma imagem diferente da que deixou na temporada passada.

Para os adeptos portistas, por norma muito exigentes com a performance coletiva da equipa e com o desempenho individual de cada jogador (não basta ganhar, é preciso jogar bem), a época 2013/14 foi efetivamente má, não apenas devido à escassez de títulos, mas também pelo mau futebol exibido. O único troféu conquistado, a Supertaça Cândido de Oliveira, soube a pouco ou quase nada.

Para um clube que, sobretudo nas últimas três décadas, criou o “hábito” de vitórias, causa estranheza ver o FC Porto ter uma época tão abaixo das expectativas como o foi a última. A hegemonia futebolística conquistada pelo clube durante a Presidência de Pinto da Costa criou a ideia de que o FC Porto tem de ganhar sempre; sendo que, quando tal não sucede, alguma comunicação social logo trata de falar em “fim da hegemonia”, “fim de ciclo” e da urgência de sucessão na Presidência do clube. Convém, no entanto, lembrar que o FC Porto conquistou 7 Campeonatos nos últimos 10 anos (e 14 nos últimos 20).

Mas, afinal, porque falhou o FC Porto na época passada? Porque falhou o FC Porto de Paulo Fonseca? Olhando para o plantel da última temporada e comparando-o com o do grande rival Benfica, parece óbvio que os dragões padeciam de um manifesto défice de qualidade competitiva (mediania a mais e genialidade a menos). Houve erros de “casting” na formação do plantel (jogadores que foram contratados para fazer a diferença não passavam, afinal, de jogadores banais) e isso refletiu-se no desempenho da equipa ao longo da temporada.

Em vez de ter dois bons jogadores para cada posição, os portistas praticamente só tinham um. Vender os melhores jogadores por valores milionários, mas depois não ser capaz de os substituir convenientemente, por vezes sai caro – e o FC Porto sofreu na pele essa incapacidade de substituir Moutinho e James.

A meu ver, as causas do fracasso do FC Porto na última época são de ordem meramente “desportiva”. Assim sendo, como se resolvem os problemas de cariz “desportivo”, de forma a que o FC Porto volte ao caminho das vitórias e dos títulos? A solução é clara: contratar melhores jogadores (de qualidade reconhecida e acima da média) e um melhor treinador (competente, capaz e vencedor).

“Queremos continuar a perder de vez em quando; não queremos passar a ganhar de vez em quando”, afirmou Pinto da Costa, em Maio último, durante a apresentação de Julen Lopetegui aos adeptos (ainda antes de o Campeonato anterior terminar). O timing escolhido para este anúncio não o foi ao acaso: era preciso dar um sinal de união das “tropas” e evitar especulações sobre o nome do novo timoneiro. Na ocasião, o Presidente do FC Porto garantiu que o clube iria regressar mais forte para a nova época e que os “funerais” encomendados pela Imprensa eram manifestamente exagerados.

A aposta de Pinto da Costa em Lopetegui pode parecer arriscada, porque o espanhol praticamente não tem experiência no comando técnico de clubes. Contudo, chega a Portugal com o rótulo de treinador competente e vencedor que guiou as Seleções jovens de Espanha (sub19 e sub21) ao título europeu.

O seu “modelo” de jogo é também claro: um futebol de “posse” que privilegia a circulação rápida de bola, numa espécie de carrocel tático que implica o envolvimento e a movimentação constantes (trocas posicionais) de todos os jogadores. O célebre “tiki-taka” do Barcelona e da Seleção Espanhola é uma fórmula de reconhecido sucesso desportivo. Resta saber se o FC Porto terá jogadores com perfil adequado para interpretar este “modelo” de jogo.

Será Julen Lopetegui capaz de encarrilhar o FC Porto no trilho do sucesso e das vitórias desportivas? Será o FC Porto capaz de manter a hegemonia no futebol português? A resposta a estas e outras questões só poderá ser dada lá mais para a frente, até porque a procissão ainda vai no adro e o futebol a sério, esse, tarda em começar…

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2 Comments

2 Comments

  1. David Guimarães

    10 Ago 2014 at 19:40

    Texto digno de um bom jornalista desportivo. Conhecedor e sucinto. Prossegue com a mesma qualidade.
    Um grande abraço!

    • Carlos Martins

      11 Ago 2014 at 1:07

      Obrigado, amigo. Grande abraço!

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