Cultura

Labanta Braço: a revolução será ouvida

Nunca serão suficientes os filmes, séries e álbuns. Nem tampouco os documentários. "Labanta Braço" reúne um álbum em homenagem às vítimas de racismo, num ano tragicamente importante para esta batalha.

No dia 21 de agosto foi lançada uma compilação solidária de temas em homenagem às vítimas de ódio racial – “mediatizadas ou não”. Labanta Braço conta com a participação de 37 artistas, em 37 faixas diferentes, e é um álbum que reflete sobre as vivências das comunidades negras espalhadas pelo mundo e a urgência de respostas antirracistas.

Promovida pelo coletivo Rimas e Batidas e o podcast Raptilário, a música eletrónica e o nu jazz fundem-se organicamente, expondo as temáticas violentas a que está exposta a comunidade, tal como a esperança de um povo que, contra todas as probabilidades, avança.

Desde poesia spoken word com o tema de abertura “Sejamos Perigosos…Hoje!”, de Nástio Mosquito, à última faixa “Hope in the Horizon”, de Young Max, encontramos a cooperação de variadíssimos artistas cujos sons se convergem de forma intensa e crua.

Na listagem constam nomes como Slow J, Nástio Mosquito, prétu, Nídia, Diaphra, Nel’Assassin, Nigga Fox, Conductor, Young Max, DJ Lycox ou Cachupa Psicadélica, evidenciando a heterogeneidade geracional e sonora. Labanta Braço explica que surge quando o mundo exige: “num ano marcado por acções racistas (com mediatismo e sob a luz das câmaras) deste e do outro lado do oceano, somos obrigados a reflectir mais sobre o tratamento que a comunidade negra recebe de instituições e pessoas que deviam estar mais preocupadas em protegê-la do que em marginalizá-la”.

Nesse sentido, a arte e música, como em muitos outros momentos da história, são uma chave de exposição e solução. E, no caso da compilação Labanta Braço, têm o poder de ser o arquétipo da música de intervenção.

“Esta é a banda sonora de uma revolução social, um grito a favor da igualdade e a uma só voz”

O álbum apenas está disponível no bandcamp, e apela à contribuição dos ouvintes a partir de 1€. É de referir que as receitas serão doadas à associação SOS Racismo, que tem vindo a ser vítima de várias intimidações por grupos ultraconservadores. Como avança o site do Rimas e Batidas e como ode a Gill Scott-Heron: “a revolução não vai dar na televisão (mas pode ser ouvida na Internet.)”